Wanda Cunha, escritora maranhense
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MANUAL SECRETO DAS FALÁCIAS ESQUERDISTAS
 
O “Manual Secreto das Falácias Esquerdistas” é um obra assinada por Alessandro Loiola, que recebi em PDF, publicada pela ManhoodBrasil Edições, de 2019. O prefácio já garante que a ideia do livro é desmistificar o Esquerdismo que se infiltrou, de maneira geral, nos segmentos culturais do Brasil sob o estigma das falácias e que o objetivo do autor é encontrar maneiras de detectar essas falácias e desconstruí-las. Mas o autor admite que a obra é direcionada aos conservadores, anticomunistas e direitistas formadores de opinião e influenciadores digitais.

Na introdução (p. 6), o autor faz duas citações bíblicas para adentrar o raciocínio a que quer chegar: “E disse Deus: Haja luz. E houve luz” (Gênesis, 1:3); “No princípio era o Verbo” (João, 1:1). Essa correlação da luz e do verbo são metáforas pra chegar à linguagem, que tem como primazia o verbo, posto que a luz é a ideia, diga-se de passagem, que vem depois do verbo. Assim, “precisamos do verbo pra pensar”, o que garante que o verbo é ação da linguagem. Em seguimento, o autor afirma que a linguagem tem sido empregada “para mudar comportamentos, treinar novos hábitos e produzir mudanças na sua vida”. Compara a linguagem com o bipedismo e domínio do fogo, como ferramentas poderosas utilizadas pelo homem.

Loiola diz que o peso da linguagem está em quaisquer culturas e arte e cita o filme a CHEGADA, por meio do qual se conclui que a linguagem serve para formar a visão que temos sobre o mundo, conforme a teoria sobre as palavras e a linguagem denominada Hipótese de Sapir-Whorf. Segundo o autor, no século XX, o teórico esquerdista Antônio Gramsci entendeu a importância do “Verbo que antecede a Luz.” Segundo Granmsci, a melhor maneira para o comunismo dominar o mundo seria por meio de algo chamado Hegemonia Cultural. “Esta hegemonia poderia ser alcançada sem uma gota de sangue, apenas utilizando a linguagem”, fazendo-o, contudo, por meio de falácias.

Feitas essas observações, o autor vai discorrer sobre o conceito de falácias, separando-as, por categorias, em falácias emocionais, mentais, de causas e efeitos, dedutivas, de manipulação de conteúdo e de ataque. Em relação ao conceito de falácias, Loiola é objetivo: “é uma trapaça, uma mentira, um fingimento cujo objetivo é fundamentar um determinado ponto de vista a partir de argumentos que não correspondem aos fatos e não resistem à Lógica.” Completa: a falácia é usada por todo o mundo. Aristóteles, por meio de seu “Organon”, discorreu sobre a Falácia, definindo treze grupos de falácias, dentro os quais a falácia denominada “O Paradoxo do Mentiroso”, que consiste nas seguintes afirmações: “Estou mentindo agora” e “Esta afirmação é falsa”. A relação que se estabelece entre as assertivas é que, se elas são verdadeiras, elas apresentam, paradoxalmente, uma mentira e uma verdade ao mesmo tempo.

Nessa linha de raciocínio, Loiola conclui que o argumento falacioso é o instrumento de um debate inútil, já que desvia o foco do que realmente interessa, logo não visa desvendar verdades nem estabelecer o que é correto. Faz uma viagem cronológica em pensadores que discorreram sobre as falácias, como Francis Bacon (Século XVII); John Locke, que identificou três falácias comuns: o apelo à falsa modéstia, o apelo à ignorância e o apelo ao desrespeito, “mostrando como os sentimentos são a fonte primária de nossas ideias e interpretações do mundo”. David Hume que discorreu exatamente sobre a influência das emoções sobre a lógica; o teólogo inglês Isaac Watts adicionou três outras falácias às de Locke: apelo à fé, apelo às paixões, apelo ao senso comum. Jeremy Bentham, expondo os métodos que parlamentares e legisladores utilizavam para derrubar ou atrasar as reformas política, também identificou os seguintes argumentos falaciosos: apelo para o ódio, apelo para o medo ou ameaça, apelo para a inércia, apelo para a procrastinação. Seu discípulo e contemporâneo, John Stuart Mill, separou as falácias segundo suas causas em morais e intelectuais e descreve as falácias por generalização e por indução. Já o filósofo norte-americano Irving Copi expôs, ainda que superficialmente segundo Loiola, as dezoito falácias mais comuns em nosso meio.

Para Loiola, chega a ser impressionante que, com tantos estudos clássicos sobre o tema, “os brasileiros o dominam tão pouco este assunto, ainda mais quando nos damos conta de que vivemos esta Era da Pós-Verdade, onde os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções na hora de criar e modelar a opinião pública.” É ele que também afirma: “ A Esquerda é mestre em utilizar Falácias para insinuar interpretações e torcer nossos entendimentos. Ser capaz de perceber e manusear este artifício representa uma estratégia incrível para desmontar cada uma das metanarrativas socialistas, além de representar uma habilidade fundamental para blindar seu próprio raciocínio com Lógica e Congruência”.

Em relação às categorias de falácias, Loiola observa, ao falar das emocionais, que as emoções compõem a mente humana. À luz da neurociência, explica que as emoções são inconscientes; já os sentimentos são uma espécie de juízo consciente sobre essas emoções, as quais são respostas químicas e neurais derivadas das memórias. As emoções podem ser divididas, segundo os psicólogos, em primárias (medo, raiva, tristeza e alegria) e secundárias (ciúme, inveja, vergonha). Já as duas juntas produzem sentimentos como ódio, hostilidade, frustração, desespero, felicidade, humor, surpresa, gratidão, compaixão e esperança. As falácias emocionais se dividem em 5 tipos: medo, esperança, compaixão, elogio e testemunho.

Enquanto as falácias emocionais apelam para a emoção, as mentais apelam para os valores. Os tipos mais comuns de falácias mentais são autoridade, bom senso, tradição, novidade e dinheiro. Os tipos de falácias de Causa e Efeito são: Causa Única, Associação Remota, Generalização, Lógica Circular. Já as Falácias Dedutivas dividem-se em Conclusões Precipitadas, Divisão-Composição, Relativismo e Destino. Os tipos de falácias de Manipulação de Conteúdo são: Revisão Infinita, Amostragem, Falso Dilema, Impossibilidade de Prova e Mentira Insistente. As falácias de Ataque são Desrespeito e Espantalho.

Ao fim do livro, Loiola reitera que o objetivo da falácia é convencer a audiência. Assim, sugere que as pessoas, ao se defrontarem com um argumento com que não concordam, o melhor é usar a razão em vez da emoção, analisando a solidez das premissas, sua relevância e sua aptidão falaciosa.
Wanda Cunha
Enviado por Wanda Cunha em 04/06/2020
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